Ontem (7), dia em que a missionária Dorothy Stang faria 79 anos, o fazendeiro Regivaldo Galvão, o "Taradão", condenado a 30 anos de reclusão como um dos mandantes do crime, em 2005 em Anapu, conquista liberdade provisória. Por cinco votos a um, as Câmaras Criminais Reunidas do Tribunal de Justiça do Estado decidiram manter a decisão da relatora, a desembargadora Maria de Nazaré Gouveia, de permitir que o fazendeiro continue em liberdade até o julgamento da apelação.
A única a discordar foi a desembargadora Albanira Bemerguy. No voto ela fez um veemente apelo de que a presunção da inocência de Regivaldo se tornou relativa desde que foi condenado por um júri popular. Ela disse que por se tratar de uma pessoa idosa e que não teve direito à defesa, houve um crime hediondo eo caso deveria ser tratado com limitações. Além disso, o réu responde a outros crimes em diferentes instâncias da Justiça, o que, na avaliação dela, faz de Regivaldo uma pessoa sem bons antecedentes, apesar de ser réu primário. E defendeu a decisão do juiz Raimundo Alves Flexa, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, que havia negado inicialmente o pedido. "Reservo-me ao direito de resguardar a confiança no juiz. Eu me recuso a dar benefício a uma pessoa que não tem idoneidade jurídica", afirmou. Os argumentos foram insuficientes. Os demais desembargadores decidiram pela concessão do hábeas para "Taradão".
Chamou atenção o tom duro com que o advogado do fazendeiro, Jânio Siqueira, tratou os ativistas do Comitê Dorothy Stang. Ele acusou o movimento de tentar jogar a sociedade contra os magistrados. "Não podemos tolerar sentimentos mesquinhos como o de vingança. Esta Corte não pode ficar a mercê de achincalhes morais", disse. E fez acusações de que a missionária assassinada, assim como a instituição religiosa que representa, agia de acordo com interesses internacionais.
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