Integrantes da CPI do Trafico Humano, instalada na Assembleia Legislativa do Pará, viajarão na próxima quarta-feira ao município de Praia Grande, no litoral de São Paulo, para conversar com o procurador da Infância e Juventude, Carlos Cabral Cabrera, sobre um caso de tráfico humano envolvendo atletas juvenis do Pará, levados para jogar no clube Portuguesa Santista e depois abandonados. Os deputados João Salame Neto (PPS) e Carlos Bordalo (PT), presidente e relator da CPI, respectivamente, viajam para São Paulo em 1º de junho.
A decisão de ir a São Paulo foi tomada na quarta-feira passada, após o depoimento à CPI do presidente da Federação Paraense de Futebol (FPF), Antonio Carlos Nunes, e do diretor das Divisões de Base do Paysandu, Carlos Alberto Mancha. Ambos admitiram a existência do tráfico humano no futebol paraense e se colocaram à disposição da CPI.
Nunes confirmou ter conhecimento da existência de um intenso comércio paralelo de atletas amadores de futebol, principalmente nas regiões sul, sudeste e oeste do Pará, e observou que a FPF nada pode fazer porque, em geral, os atletas não são federados. Segundo Nunes, os meninos estão espalhados em várias escolinhas de futebol particulares e, ao serem revelados como futuros craques, são observados por "olheiros" dos grandes clubes do sul e sudeste do Brasil e levados para jogar em outro Estado com o consentimento dos pais. Nos clubes tradicionais, como Remo e Paysandu, de acordo com Nunes, é mais difícil o atleta ser levado, porque há mais fiscalização dos dirigentes.
O presidente da FPF disse ter conhecimento pela imprensa da situação em que ficaram os quatro meninos do Pará levados para o clube Portuguesa Santista, e que foram encontrados em situação degradante em uma casa coletiva com mais cinco rapazes aliciados em outros Estados. Nunes reconheceu nomes de supostos empresários de jogadores citados pelo secretário da CPI, Carlos Bordalo. Porém, disse que eles agem com a anuência dos pais. Muitos acabam abandonados à própria sorte quando não confirmam o "talento" que o "olheiro" viu neles. De acordo com Nunes, já é possível, com a nova Lei Pelé, sancionada em março passado, controlar melhor a prática. Isto porque surgiu, com a nova versão da lei, a figura do clube formador. Com isso, nenhuma transação nacional ou internacional de futuros jogadores poderá ser feita perante a CBF.
Carlos Alberto Mancha pediu apoio dos deputados para fortalecer as divisões de bases dos clubes profissionais, mediante a criação de instrumentos que resultem mais investimentos nos futuros atletas. Por sugestão de João Salame, a Alepa promoverá um seminário sobre a Lei Pelé, com a participação do Ministério dos Esportes e dirigentes esportivos, para esclarecer sobre a compra e venda de jogadores mirins. (No Amazônia)
Nenhum comentário:
Postar um comentário