Apesar do lema "Independência e paz", proposto pelo governo do Estado, muita gente, ontem (3), foi para o desfile do Dia da Raça a fim de guerra. O som pesado das bandas escolares imitando as marciais, o calor no centro da cidade e o mau cheiro exalado pelo estrume dos animais da Cavalaria da Polícia Militar formaram o cenário para confrontos entre jovens de 14 e 22 anos que infernizaram a vida das milhares de pessosas que foram até a avenida Presidente Vargas assistir as 39 escolas. Ao final, a Polícia Militar contabilizou 113 pessoas detidas, sendo 72 menores de 18 anos e 41 adultos. Colocados em um dos cantos do Teatro da Paz, sob o sol forte, os jovens esperaram terminar o desfile para serem encaminhados para triagem da PM. O capitão Daniel Brito afirma que eles foram detidos por desordem e briga em via pública. Os brigões adolescentes seriam encaminhados para a Divisão de Atendimento ao Adolescente (Data) da Polícia Civil e os adultos para a Seccional Urbana do Comércio, onde ia ser averiguada a situação de cada um.
Os jovens se dizem integrantes de "torcidas organizadas" das escolas estaduais Centro de Ensino Paes de Carvalho, Augusto Meira, Visconde de Souza Franco, Lauro Sodré, Magalhães Barata, dentre outras. Segundo o inspetor Getúlio Fayal, Guarda Municipal de Belém (Gbel), o que pode parecer apenas uma brincadeira de moleques tem uma face muito mais violenta, escondida na intenção de quem sai de casa pronto para matar e morrer: 22 duas armas brancas apreendidas, sendo 21 facas e um punhal, além de oito soqueiras de aço, dois porretes, dois rojões e duas bombas caseiras.
As primeiras brigas entre as "torcidas organizadas" ocorreram na esquina das avenidas Serzedelo Corrêa e Nazaré e em frente às lojas Americanas, na Presidente Vargas. Somente nessas duas primeiras brigas cerca de 40 adolescentes, cinco dos quais meninas, foram capturados pelos policiais militares. De bermuda, camiseta, tênis, pulseiras e cordões e muitos com os cabelos tingidos e cortados imitando o jogador da seleção Neymar, os garotos apavoraram que estava por perto com brigas e correria. Ao final, foram detidos e levados em fila para perto do Teatro da Paz.
Na concentração, na avenida Braz de Aguiar, próximo à avenida Generalíssimo Deodoro, também houve um princípio de tumulto, quando começaram a se posicionar os alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Paes de Carvalho, a mais aguardada na Presidente Vargas e que é motivo da rivalidade entre estudantes do Instituto de Ensino do Pará (IEP) e a Escola Estadual Souza Franco, principalmente devido à disputa acirrada entre suas bandas de fanfarra, rivais em várias competições no Estado e nacionais.
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