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sábado, 3 de setembro de 2011

Dirceu e Delúbio são homenageados em congresso do PT

Atrás de Dirceu, a ex-governadora do Pará, Ana Júlia Carepa
A abertura do 4.º Congresso do PT, na noite desta sexta-feira, 2, foi um desagravo ao ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. Réu no processo do mensalão, ele foi ovacionado pela plateia aos gritos de ‘Dirceu, guerreiro do povo brasileiro’ e recebeu o apoio da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula.

A festa também marcou a reestreia do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares – reintegrado ao partido há cinco meses – nos encontros do partido.

Lula disse que ninguém havia pedido a ele que subscrevesse uma moção de solidariedade a Dirceu, conforme foi publicado. "Mas já que falaram, agora você tem o meu aval", comentou o ex-presidente. Dilma também dirigiu um afago a Dirceu. "Quero saudar os ex-presidentes do PT aqui presentes e cumprimento todos eles em nome do companheiro Dirceu", disse ela.

A homenagem a Dirceu ocorreu depois que ele foi citado por reportagem da revista Veja como chefe de uma "conspiração" contra o governo Dilma Rousseff. A revista publicou fotos de deputados, senadores e até de um ministro (Fernando Pimentel, do Desenvolvimento), que se encontraram com Dirceu em junho, antes e depois da queda do então titular da Casa Civil, Antonio Palocci. Dirceu acusou um repórter da revista de tentar invadir o seu apartamento no hotel onde um circuito interno registrou os encontros. A revista nega.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henrique, foi quem primeiro puxou o coro dos defensores do ex-chefe da Casa Civil. "Quero propor aqui uma moção de repúdio ao crime cometido por uma certa revista contra Dirceu", afirmou Henrique, muito aplaudido.

Diante de uma plateia composta por 1.350 delegados, Dirceu não discursou, mas sorriu várias vezes e acenou para os companheiros. À saída, tirou fotos com petistas. Delúbio, também réu no mensalão, ficou na plateia e não parava de cumprimentar correligionários.

Com discursos recheados de críticas à imprensa, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriram nesta sexta-feira, 2, o 4.º Congresso Nacional tentando aplacar o desconforto do PT com ações da atual chefe do governo – como a demissão de ministros acusados de corrupção. A "faxina" de Dilma deixou setores do PT desconfortáveis, pois dirigentes avaliam que as medidas embutem na Era Lula a pecha de "corrupto".

Pela primeira vez, o ex-presidente admitiu indiretamente que não sairá candidato à sucessão de Dilma, em 2014. Ao defender o atual governo, Lula argumentou que "oito meses de governo é muito pouco para quem vai governar esse País por oito anos". Foi um claro recado a petistas que já defendem a volta de Lula em 2014. "É apenas 10% que você vai ter para fazer esse País ser maior, ser melhor, mais democrático. Ninguém pode cobrar de você, Dilma, o que você não teve tempo de fazer", disse.

Dilma, por sua vez, descartou totalmente a possibilidade de divergências com Lula. "Como é que eu posso estar em conflito comigo mesma?", disse. Afirmou que os erros e acertos da gestão passada são seus próprios erros e acertos, pois ela integrou o governo passado.

Ovacionado pela plateia de cerca de mil militantes e autoridades do governo, Lula criticou a imprensa e adversários do PT que, segundo ele, chegaram a prever o fim do partido em 2005 – ano em que foi descoberto e esquema do mensalão. O ex-presidente, no entanto, citar o escândalo do mensalão.

"Estou muito orgulhoso de viver este momento. Lembrem-se que alguns diziam cinco anos atrás que nosso partido ia acabar, que nós não íamos conseguir nem eleger o síndico do prédio. E hoje qualquer pesquisa que se faz sobre partido político, para desgraça de nossos adversários, este é o principal partido desse País", afirmou Lula.

Herança. Em pronunciamento de cerca de 40 minutos, Dilma reafirmou o caráter de continuidade de seu governo, disse que o que lhe permite "avançar" é a experiência acumulada na gestão anterior, que comparou a camadas do solo que sustentam uma pedra, e fez questão de ressaltar sua condição de ex-ministra do governo Lula.

"Não é herança, porque ajudei a construir esta pedra. Eu estava lá. Os erros e acertos dela (da gestão anterior) são os meus erros e meus acertos", disse Dilma, sob aplausos. "Vejo muitas vezes na imprensa dizerem, ou tentarem dizer, porque dizer explicitamente é muito difícil, dizer que me elegi presidente baseada na trajetória deste partido, baseada no sucesso do governo do presidente Lula, tenho uma herança que não é bendita", declarou. "Essa tentativa solerte, essa tentativa às vezes envergonhada e insinuada, tenta toldar uma das maiores conquistas que tivemos nos últimos anos. Nós mudamos a forma de o Brasil se desenvolver." (estadão.com.br)

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