Por Augusto Nunes, colunista da revista Veja:
Carlinhos Cachoeira começou a captura do Poder Executivo com a compra de governadores. Prosseguiu a ofensiva com a contratação de Márcio Thomaz Bastos, um advogado disposto a tudo para livrar de castigos o chefe da quadrilha desbaratada pela Polícia Federal que vivia elogiando nos tempos de ministro da Justiça do governo Lula. E completou o serviço quando o Planalto ordenou à maioria governista que transformasse a CPI batizada com o apelido do delinquente goiano em mais um monumento à impunidade.
Carlinhos Cachoeira começou a captura do Poder Executivo com a compra de governadores. Prosseguiu a ofensiva com a contratação de Márcio Thomaz Bastos, um advogado disposto a tudo para livrar de castigos o chefe da quadrilha desbaratada pela Polícia Federal que vivia elogiando nos tempos de ministro da Justiça do governo Lula. E completou o serviço quando o Planalto ordenou à maioria governista que transformasse a CPI batizada com o apelido do delinquente goiano em mais um monumento à impunidade.
Carlinhos Cachoeira começou a captura do Poder Legislativo com o
arrendamento de parlamentares, entre os quais o senador Demóstenes
Torres ─ hoje reduzido a uma caricatura carnavalesca do personagem de
ficção que funde Dr. Jekyll e Mr. Hyde. A ofensiva prosseguiu na CPI,
com a debochada performance produzida e dirigida pelo doutor em truques
de tribunal. E será consumada com o naufrágio anunciado de uma comissão
de inquérito administrada por cúmplices dos investigados.
Carlinhos Cachoeira começou a captura do Poder Judiciário com o
aluguel de comparsas disfarçados de juízes. A ofensiva prosseguiu com a
mobilização de desembargadores decididos a condenar os xerifes,
libertar os bandidos e enterrar no mausoléu dos absurdos jurídicos o
colosso de provas colhidas pelos detetives. As ameaças de morte que
afastaram do caso o juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima, responsável
pela prisão do comandante da quadrilha e seus generais, informam que
Cachoeira está pronto para completar a desmoralização da Justiça.
“Não é o juiz quem tem de se afastar em nome de sua segurança, mas o
Estado que precisa lhe garantir a vida, prender os autores das ameaças e
assegurar condições para o desbaratamento dessa máfia”, adverte a
jornalista Dora Kramer no artigo reproduzido na seção Feira Livre. “Qualquer
coisa diferente disso equivale a transferir aos bandidos um poder de
decisão que não lhes pertence e pôr de antemão o juiz (ou juíza)
substituto sob suspeita ou risco de morte”.
A operação concebida por Cachoeira (e aperfeiçoada por um ex-ministro
da Justiça) para a captura dos três Poderes tem de ser neutralizada já.
Ou as instituições cumprem seu dever sem delongas ou formalizam
publicamente a rendição vergonhosa. Nada justifica a libertação
prematura dos quadrilheiros. Não se pode conceder o direito de ir e vir a
quem pretende usá-lo para obstruir investigações, destruir provas,
silenciar testemunhas, submeter desembargadores e intimidar magistrados.
Os integrantes da organização criminosa têm de aguardar engaiolados a
merecidíssima condenação a longas temporadas na cadeia. Se ocorrer o
contrário, como constata o comentário de 1 minuto para o site de VEJA,
o Estado Democrático de Direito terá sido algemado pela parceria que
juntou o advogado mais caro do Brasil e um bandido barato, mas com
dinheiro de sobra para pagar o que for preciso para continuar em ação.
Os R$ 15 milhões que estimulam a inventividade de Márcio Thomaz Bastos,
por exemplo. Ou propinas que amansam figurões do Executivo, do
Legislativo e do Judiciário.
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