O
padre Marcelo Tinoco se encontra preso numa das celas do Centro de
Recuperação de Castanhal desde a manhã de ontem, acusado de estupro de
vulnerável. Secretário-geral e coordenador do Grupo de Jovens da Diocese
de Castanhal, responsável pelas celebrações das missas que acontecem
nas manhãs de domingo na catedral da mesma diocese, ele foi flagrado,
por volta das 23h da última quarta-feira, por uma equipe da Polícia
Militar de Castanhal que fazia buscas a uma motocicleta roubada horas
antes. O sacerdote estava dentro do próprio carro com um garoto de 12
anos. O local onde ele estava no momento da abordagem policial, um ramal
conhecido por Piçarreira, no distrito do Apeú, leva ao Cenóbio da
Transfiguração, um complexo de hospedaria, salas de reuniões,
auditórios, restaurante e anfiteatro que pertence à Diocese de
Castanhal.
Segundo
o garoto que estava com o religioso que reside na casa do bispo dom
Carlos Verzelletti, horas antes os dois tinham participado de uma missa e
do arraial de São Pedro, no bairro Tóquio, já na periferia de
Castanhal. Depois Marcelo Tinoco o convidou para tomar um sorvete.
Depois, o menino foi levado para o ramal da Piçarreira.
A guarnição da PM,
formada pelo cabo Florisvaldo e pelos soldados Diógenes e Elenilson,
avistou o carro parado na estrada, no escuro. Desconfiados, os policiais
fizeram a abordagem. Assustado com a presença de um veículo com o
giroflex ligado, o sacerdote tentou fugir, mas o carro dele foi logo
interceptado. De dentro do veículo desceu o padre, se identificando e
dizendo que estava sozinho. Mas depois de verificar o interior do carro,
os policiais encontraram o garoto.
Coroinha
- Durante o trajeto até a delegacia, o menino, que estava no carro
policial enquanto o padre seguia no seu escoltado por um soldado, disse
que foi levado pelo padre após aceitar o convite para tomar um sorvete.
Mas que o homem seguiu com o carro direto para o ramal da Piçarreira.
Ainda de acordo com o garoto, coroinha há quatro anos na Diocese de
Castanhal e que também sonha em ser padre, lá Marcelo cometeu os atos
libidinosos de que foi vítima.
'Aliciado' - À
delegada Elielza Menezes Braga, o sacerdote admitiu que havia convidado
o coroinha para tomar sorvete, mas disse que foi convidado pelo garoto a
ir até o Cenóbio, onde seu pai estava internado na Casa da
Ressurreição, que trata de dependentes químicos. O padre alegou que no
meio do caminho foi 'aliciado' pelo adolescente.
Enquanto
o padre Marcelo era submetido a exame de lesão corporal, requerido pela
delegada Elielza, o garoto foi encaminhado ao Pro Paz, onde está
recebendo atendimento social e psicológico. Segundo o superintendente da
Polícia Civil na região do Salgado, delegado Luiz Xavier, o padre
deverá ser indiciado pelo crime de estupro de vulnerável (artigo 217,
alínea 1 do Código Penal Brasileiro), que prevê pena de oito a quinze
anos de reclusão.
Na
saída do instituto de perícias para o centro de recuperação, foi montado
um esquema para que o religioso não fosse filmado nem fotografado pela
imprensa de Castanhal. 'Só falo na presença do meu advogado', disse o
padre à reportagem. Grupos de religiosos ligados às pastorais da Diocese
de Castanhal estiveram com Marcelo, prestando solidariedade.
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