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sexta-feira, 3 de junho de 2016

Governo Temer é feito por 'homens velhos, ricos e brancos', diz Dilma

A presidente afastada, Dilma Rousseff, discursa no ato "Mulheres pela democracia", nesta quinta no centro do Rio 
A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) criticou na noite de ontem (2) o que chamou de retrocesso representado pelo governo do presidente interino Michel Temer (PMDB).

Numa manifestação (foto) de um grupo feminista contra o seu afastamento, no centro do Rio, Dilma criticou a ausência de mulheres e negros no ministério.

"Um governo de homens velhos, ricos e brancos não representa a diversidade do nosso país. [...] Não é um capricho ser representado no primeiro escalão. É crucial para impedir retrocessos", afirmou a presidente afastada.

"Esse governo é uma fonte de maus exemplos. Nós mulheres temos que nos sentir menos seguras, menos garantidas quando o governo não é capaz de ter em aeu primeiro escalão uma representação da maioria da população. Não digo só as mulheres, mas também os negros da população. A cultura do estupro e a cultura da exclusão social deve ser combatida por todos os movimentos e também pelos governos", disse a petista.

Dilma também atacou a nomeação da secretária de Mulheres, Fátima Pelaes. Ela havia se posicionado no passado contra o aborto mesmo em caso de estupro, o que é previsto em lei.

"É uma conquista ainda pequena das mulheres. Um agente público, principalmente uma mulher, não pode achar que convicções pessoais podem se sobrepor à lei. É grave que ela diga isso justamente quando aconteceu um estupro coletivo", disse a presidente.

Esse posicionamento de Pelaes foi manifestado durante uma sessão na Câmara dos Deputados na legislatura passada. Após assumir o cargo, ela voltou atrás e disse que vai viabilizar o aborto nos casos previstos em lei.

Na fala, Dilma criticou o estupro sofrido por uma menina de 16 anos na zona oeste. Ela também atacou o Country Club, onde babás são impedidas de usar o mesmo banheiro dos sócios. "O Rio é uma cidade simbólica da força da diversidade."

Dilma voltou a se referir ao processo de impeachment como golpe. Disse que se trata de uma deposição distinta da ocorrida em 1964, no golpe militar. "A democracia é uma árvore. O golpe militar, com armas, é como se fosse um machado. Agora, a árvore está tomada por parasitas que tentam destruir a democracia. Mas a árvore da democracia ainda está de pé. Ainda podemos ir às praças denunciar esse golpe", declarou a presidente afastada.

Durante seu discurso, uma mulher gritou palavras de protestos contra Dilma e foi contida por seguranças. Dilma pediu para que ela fosse solta.

"Se tem uma coisa de que me orgulho é ter garantido a liberdade de expressão e opinião. Solta ela", afirmou a presidente.

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