Parte do sucesso do time se deve ao projeto de seleção permanente colocado em prática em janeiro de 2015 pelo técnico Oswaldo Alvarez, o Vadão, e o coordenador técnico, Fabrício Maia. Pagando salários às jogadoras, oferecendo as instalações da Granja Comary e recebendo em troca a dedicação diária das atletas, o projeto fez com que o treinador tivesse a oportunidade de dar entrosamento à equipe e que elas tivessem uma segurança financeira que não teriam em qualquer clube do país.
"Hoje em dia, futebol não se faz mais com jogadores juntados. Os treinadores de seleções principais sofrem com a falta de continuidade, e nós conseguimos escapar disso com a seleção permanente. Como as mulheres perdem performance mais rápido que os homens em aspectos físicos e mesmo técnicos, a única maneira que tínhamos de chegar à atual forma seria com esse projeto", avalia Marco Aurélio Cunha, coordenador de futebol feminino da CBF.
Quase todas as 18 jogadoras da seleção passaram pelo grupo permanente, mas atualmente apenas cinco delas continuam no grupo: as goleiras Bárbara e Aline; a zagueira Bruna e as meias Formiga e Thaisa.
A CBF paga um salário entre R$ 4.000 e R$ 6.800 brutos, ou seja, sem o desconto de impostos. Além disso, paga diárias de R$ 250 para cada dia a serviço da seleção, além de remunerar por uma das folgas do final de semana. Somando um valor médio de 23 dias a serviço da seleção por mês mais quatro folgas, os valores dos salários pagos variam entre R$ 10.750 e R$ 13.550. Segundo a Folha apurou, a meia Formiga, 38, está entre as atletas que mais recebem da seleção permanente. Atletas como Marta (FC Rosengård, da Suécia), Cristiane (Paris Saint-Germain, da França) e Andressa Alves (Barcelona, da Espanha), mais renomadas, ganham salários superiores.
A título de comparação, um dos titulares da seleção masculina, o atacante Gabriel, do Santos, recebe pouco menos de R$ 300 mil mensais de seu clube, e recentemente recebeu proposta de salário de R$ 900 mil da Juventus, da Itália. Neymar, o jogador de mais destaque da seleção brasileira, recebe € 25 milhões (cerca de R$ 88 milhões) por temporada do Barcelona, segundo o jornal "Marca."
O ponto mais alto da seleção permanente aconteceu em julho de 2015, com a conquista do Pan-Americano de Toronto. Após o título, conta Cunha, o interesse de clubes estrangeiros cresceu, o que fez com que as atletas se espalhassem.
"[O interesse estrangeiro] atrapalha muito mais que ajuda. Elas chegam com menos qualidade física, então temos que recuperar. Mas sabemos que o futebol feminino é difícil, mal remunerado, não há como negar a elas essa oportunidade a elas, que nem ganham muito mais lá fora, mas vão viver uma experiência lá fora, aprender inglês, entre outras coisas", diz.
A principal investida veio do mercado chinês, que levou seis jogadoras da permanente de uma vez: Rafaelle e Raquel, (Changchun), Fabiana (Quanjian), Darlene (suplente na Rio-16, Changchun) e Gabi Zanotti (não foi convocada). Atualmente, das 18 jogadoras da seleção feminina, 13 jogam fora do país.
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