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sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Clonando Pensamento
"A colossal procissão do Círio, com seus milhões de romeiros, começa na Catedral da Sé e termina cinco ou seis quilômetros depois na Basílica de Nazaré. Mas um olhar atento vai além, vê que a romaria começa em cada furo, rio, igarapé, ilha ou beiradão. Canoas, ubás, caxiris, barcos a motor, velas ou remo. Começa nas palafitas e nos barrancos. Nos quintais das cidades, no porco cevado, no patarrão, no ralar da mandioca, no tipiti e no moer da folha de maniva, matéria-prima para o almoço do Círio – maniçoba e pato no tucupi. Farto e generoso. Para a família, os amigos e quem mais chegar.
O Círio começa no vestido de chita com babados, decote comportado e comprimento abaixo dos joelhos. Calça e camisa de manga comprida, novas, as únicas mudas de roupas compradas no ano, mas estreadas no Dia da Festa.

Para o Cirio vem gente de todos os cantos do Brasil e até de outros países. No Manto da Virgem e no coração cabano há sempre espaço de sobra. Apenas há que aderir ao espírito secular do Círio. Ficar mundiado pelo bom e pelo bem. Sentir-se igual, amando a Nazinha.

É por tudo isso, pelo peso dessa enorme bagagem da cultura e da religiosidade paraense, que todos os anos, quando passa a Berlinda da Santa, eu me emociono e choro.”
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(Trechos do belo artigo "Cirio Cabano" de autoria do meu saudoso amigo e escritor ANDRÉ COSTA NUNES, falecido no ano passado).

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