O técnico do Fluminense, Muricy Ramalho, deixou claro ontem (25), que só não assumiu a seleção brasileira por não ter sido autorizado pelos dirigentes do clube carioca."É como o Mano [Menezes] falou, quem não quer poder convocar os melhores jogadores do mundo? Se estivesse livre, eu estaria lá [na seleção]", afirmou Muricy, após o empate do tricolor carioca com o Botafogo em 1 a 1, no Engenhão.
O técnico disse que, ao ser convidado pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para treinar a seleção, ele explicou que só poderia aceitar se fosse autorizado pela direção do Fluminense. "Ele [Teixeira] foi bacana, entendeu minha situação. Como não houve a liberação, eles foram rápidos e certos em trazer outro treinador. "Infelizmente, é triste, porque era uma oportunidade, mas eu escolhi esse lado da vida. Para assumir uma coisa, as coisas têm que estar bem resolvidas", afirmou.
Questionado sobre a expectativa que tinha quanto à posição da direção do Fluminense, antes de consultá-la, ele afirmou: "A gente sempre pensa no melhor, pensa que vai dar certo, mas tinha essa possibilidade de não dar, porque eles [dirigentes do Fluminense] estão contentes com meu trabalho e mostraram isso me convidando para ficar mais dois anos".
Muricy disse que, se tivesse outro caráter, poderia agir diferente. "Poderia fazer uma pressão, pedir aumento. Mas não, eu não sou assim. O que me realiza é andar na rua de cabeça erguida, e é isso que eu vou continuar fazendo."
O treinador lembrou que, quando treinava o Internacional, recebeu "três ou quatro" convites do São Paulo e recusou todos alegando que tinha um compromisso com o clube gaúcho. "Meus filhos, meus amigos diziam: 'Você é louco'. Eu não tinha multa, estava livre, mas tinha o compromisso. Parece coisa de outro mundo, mas para mim é normal, eu sou assim", afirmou.
"Se o Fluminense me mandar embora, problema do Fluminense. Existe uma história, uma torcida, e eu preciso respeitar", disse o técnico, que também reafirmou o desejo de que Mano Menezes tenha boa sorte. "Ele morou no mesmo flat que eu em Porto Alegre, estávamos em clubes adversários, mas convivemos muito. O Brasil está bem entregue." (Fonte: Folha Online)